Hoje acordei ácida…
Escrevi um e-mail de aniversário para um amigo (um daqueles que está longe e do qual e sinto uma falta IMENSA) e, ao lê-lo, percebi que ali não havia nada de positivo.
Porque é assim que eu me encontro hoje, negativa, de mau-humor, azeda, arisca e quantos mais adjetivos possam existir para definir esse “estado de alma”.
Nunca fui políticamente correta, muito pelo contrário, mas nos últimos tempos, a maturidade e as situações da vida me tornaram mais branda, mais condescendente.
Acho que cansei de brincar de casinha, de brincar de gente grande.
Está faltando muito de mim na minha vida. Eu, que nem sei onde fui parar.
Sei que essa acidez sou eu, querendo sair de mim mesma e ganhar o mundo.
Aquela mesma liberdade da qual sinto tanta falta.
Liberdade de mim…
Brincar de gente grande…eu, por um tempo brinquei dessa brincadeira sem graça…Até que um dia eu me senti absurdamente rídiculo…Foi quando ocorreu a passagem da minha erudição à beleza.Que, graças ao Universo, também é destruição.
E finalmente enxerguei uma cobra engolindo um elefante onde outrora eu via um chapéu…
E finalmente eu vi o som e a fúria da minha vida.
É bem ácido, por vezes. Mas uma amiga minha, médica, me disse que a gente produz litros de ácido clorídrico por dia.
E nem por isso a gente morre.
É o nosso caos necessário.Ser criança, não significa, necessariamente, ser infantil.
Já vi crianças ingênuas, e nem por isso ela era inocente.
Podemos ser inocentes idiotas, trapaceados, sempre subjulgados.
Buda, Jesus, Krisna pregavam a humildade verdadeira, aquela que é ingênua, mas nem assim destituída de senso crítico.
As crianças são espertas, mentem dizendo a verdade e têm consciência de que podem mentir acerca da sua inocência.
Jamais da sua ingenuidade.
Só as crianças entendem o que eu quero dizer.