“Escrevi minha vida numa narrativa linear, teleológica, um fio de linha do tempo que me conduziria ao final feliz, ao grande amor, à vida plena e realizada. Vivi tantos finais quanto foi possível, alguns incríveis, outros devastadores, até que só me restou viver começos. Então dei o primeiro passo e mudei o giro da roda da vida, que agora funciona em elipses, espirais e vai-e-vens sem destino. Não acredito mais em destino, mas o acaso é implacável.”
Reescritura é mais um começo, agora no formato de colagens. Cansei de preencher vazios e de seguir uma cronologia que já não faz o menor sentido. Agora adorno folhas e cadernos com fragmentos de letras de música, cartas de amor, fotografias e memórias para que dores e alegrias se transformem em outros desenhos. E o mais importante: abro espaços.
Aqui faço uma enunciação de escrevivência que não pretende nada e nem aponta caminhos. Não precisa ter sentido. Escolho para me acompanharem diferentes artistas, começando com @kintsugi.cwb, que fez os primeiros cadernos onde deposito meus afetos atuais.
O projeto de Tainá Miessa se inspira na técnica japonesa de reparar objetos danificados com uma espécie de cola de ouro, transformando imperfeição em mudança. Nada mais apropriado.
