Fim de ano II

“We don’t need no education
We dont need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave them kids alone
Hey! Teachers! Leave them kids alone!
All in all it’s just another brick in the wall.
All in all you’re just another brick in the wall.”

Pequenas coisas que permitem que tudo faça sentido…

Nesse final de ano, fui para a terrinha para a temporada de eventos de formatura.
Já é difícil deparar-se com sua sua velha vida, aquela que ainda nem se deu conta de que não é mais sua.
Quando menos esperava, me vi no colégio que em estudei todo o primário, centro de boa parte das minhas memórias de infância.
Lá estava eu, olhando meu sobrinho se formando no Ensino Médio, recém-passado no vestibular; vendo o diretor e o coordenador da escola, ambos de cabelos brancos e me perguntando quando é que esse tele-transportador apareceu, porque eu ainda era aquela menina que conhecia cada canto e cada cheiro, cada pessoa que habitava aquela universo, apenas agora também envelhecida.
Senti que tudo estava fora de lugar, que aquele adolescente enorme e inseguro que acabava de ser chamado para receber seu canudo ainda era o bebê que eu passei noites e noites cuidando, que eu amava como se fosse meu…
Que eu ainda era aquela magrela que queria tudo do mundo, só não sabia como conquistá-lo, que queria ser linda, ter muitos amigos e sumir com aquela angústia que não sabia de onde vinha. Mas que, mesmo assim, tinha uma leveza de vida que a fazia voar…

Mas, me percebi adulta e duas décadas me separavam daquela criança, apesar dela estar comigo o tempo todo.

A temporada de formaturas prosseguiu, e tive a felicidade de ver meus antigos alunos, agora já homens e mulheres, terminando o segundo grau. Além de poder reencontrá-los (muitos são meus amigos até hoje, mas muitos sumiram), tive o retorno de minha experiência como professora. Pude perceber que, para alguns (poucos) deles, eu fiz alguma diferença. Não porque dei aulas geniais e ensinei a história do mundo, mas porque os ensinei algo sobre a vida, sobre ser gente nesse mundo maluco.

Porque aprendi, há muito tempo, que o professor não ensina a matéria. Ela está lá, nos livros, para quem quiser aprender. O professor ensina sobre caráter, sobre enfrentar problemas, sobre lidar com o mundo.
E isso me leva à minha última experiência do ano, como o fechamento de uma semana que me fez repensar minha profissão.
Encontrei meu mestre, aquele cara que fez com que me apaixonasse por História. Tive o privilégio de tomar um café com ele, de discutir sobre os rumos da educação, dos nossos alunos e dos nossos filhos.
Duas coisas foram incríveis nesse encontro. Perceber que ele realmente é um cara fantástico e que ele ficou feliz por eu ter seguido os seus passos.

Agora posso pensar em ser professora de novo…

Um pensamento sobre “Fim de ano II

  1. Você não sabe o quanto foi especial você ter ido naquela formatura, tão especial que estou chorando em uma biblioteca vazia de faculdade lembrando daquelas noites de fogos de artifício e de você reclamando da banda do baile que de todas as músicas dos anos oitenta eles estavam cantando sweet child o'mine (q eu secretamente gosto rs).
    Foi uma honra ter tido você como professora, mais do que História você me mostrou ter atitude. E tem horas que dá muita vontade de chorar ao perceber que com mulheres como você e minha mãe às vezes me sinto tão disperdiçada.
    Obrigada por ter ido.

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