Depois da introspecção da gravidez e da maternagem, a indignação me arranca do conforto do meu sling e traz à tona a vontade de gritar!
Estou totalmente off do mundo real e concreto. Não leio jornal, não assisto televisão, não faço a mínima questão de saber o que acontece na pequenês do mundinho pequeno burgês que nos cerca.
Mas, como adoro meus amigos, me mantenho perto deles pelas redes sociais.
E é através delas que me situo nos acontecimentos do universo.
Nos últimos tempos, as postagens do meu irmão Alisson têm colocado em voga os assuntos mais estapafúrdios do concreto, entre eles um texto sobre mulheres estupráveis.
Li, me indignei, mas passou… Foi só um susto!
De repente, uma ex-aluna posta a notícia da slutwalk de Toronto…
E na semana seguinte ocorre o Mamaço…
Talvez seja apenas na minha cabeça maluca que essas coisas tenham um ponto de junção, mas, nichos à parte, o debate deveria, em todos os casos, começar pela pauta do corpo feminino (o que é, para que serve, como é usado, quem cuida, quem manda…).
Responsabilizar a mulher pelo uso que o outro faz de seu corpo (no caso do estupro) é abandonar todo o traço de civilização e voltar para a pura barbárie.
Imputar à fêmea lactante um caráter sexual é perverter a essência da maternidade e impôr um viés sexual a um ato de amor.
É claro que a discussão não se esgota nesses parcos e pobres argumentos, mas o problema é exatamente esse: no universo dos nichos, feministas e mães representam aspectos díspares da questão de gênero e a mobilização pelo direito (supremo, eu diria, plafletariamente) da mulher ser dona de seu corpo (e a única dona) e dele fazer o uso ou a exposição que bem lhe aprouver se esvazia e perde a pujança, pois são apenas alguns pequenos grupos de indivíduos com uma agenda bem específica que se manifestam em prol de um direito limitado ao nicho em questão.
O estar no mundo me impele a mergulhar de cabeça na doideira das relações sociais. Odeio.
Mas não consigo mais me abster, sentadinha no conforto do meu lar…
Minha natureza subversiva, anárquica e inconformada, eu diria, me obriga a pelo menos expressar minha indignação.
Então, além de reativar o blog, criei um grupo de pesquisa e estou produzindo um artigo, sobre esse mundo louco em que mães e vadias não percebem que são apenas mulheres: submetidas, subjugadas, controladas, cerceadas, monitoradas…
Ontem, tomando café na padaria, um distinto opinava sobre o fato de um amigo ter traído a esposa. Ele não queria justificar o ato, mas, “a mulher provocava”. Outro dia, uma amiga comentou de como se sentiu mal ao sair com uma meia calça rendada que ela adora, pois teve a sensação de ter se metamorfoseado numa peça de açougue, enxergando a sua volta bestas-feras prontas para o ataque.
É isso! A mulher provoca!Provocou o Adão. Provocou a ira de Deus. Provocou a fome, as Guerras Mundiais, as ditaduras, a miséria, AIDS, a gripe suína, o conflito no Egito, …