“Eu escrevi uma tese sobre resistência. Queria escrever sobre revolução, mas como ela não veio – e nunca vem – me obriguei a começar tudo de novo. Para falar sobre resistências que fracassam em se concretizar como sucesso, fui além da teoria. Fui investigar as pessoas que resistem. Descobri , então, que a primeira forma de resistir é existir. Ao insistir em preservar uma existência livre, divergente, dissonante e dissidente, resiste-se. A segunda forma é sobreviver, não se entregar, não desistir. Não pular da ponte, não puxar a corda, não fechar os olhos. NÃO IRÃO ME MATAR. Ainda que me matem um pouco a cada dia. A terceira forma é pelo afeto. Ao afetar-se, permite-se que fluam as potências do afeto. Nos afetamos com a dor e com ódio, mas principalmente com os encontros e amores. Resistimos juntes, sentindo e vibrando.”
*Anotação encontrada em um caderno.