Sou terra, raiz e pés no chão carregando um oceano revolto que explode em ondas e se esconde em profundezas abissais. Da concretude e estabilidade da terra desse corpo duro e árido talhado em golpes de machado vertem cachoeiras de água: suo muito, choro muito, gozo muito. Liquefaço o que desejo, o que dói, o que me afeta. Mére, mar-mãe, sou terra-água, oceano em polvo de tentáculos enormes e onipresentes que ocupam todos os espaços, careço de vazios e espaços e brechas, tudo o que passa chega como brisa pela fresta da janela. Ou furacão e abismo.