Gostar

Essa coisa de gostar de si é estranha, de repente você para de pedir desculpas por ser e começa a achar, inclusive, que outras pessoas também podem se interessar por você. Então começa a se mostrar mais um pouquinho, ainda lembrando de quando não se gostava, de quando não lhe gostavam. Mostra algumas partes boas, “olha como posso também ser engraçada”, porque você acha que a graça é das melhores qualidades que uma pessoa pode ter. Mesmo que seja apenas a habilidade de rir da própria miséria existencial, não dá pra confiar em quem se leva muito a sério e se tem em alta consideração. Mostra também algumas partes não tão interessantes, porque carregar em si um abismo é deveras assustador e bem sabemos que a maioria dos seres viventes não aguenta quando o abismo olha de volta. Então, mostramos só um pouquinho mesmo, porque se gostar é também se proteger e não há coragem maior do que se manter a salvo quando você é alguém que ama se arriscar. Querer que outra pessoa lhe goste é também permitir que alguém expresse seu afeto, mesmo que você queira dizer “não me ame tanto”, porque aqui morremos de amor e isso não é recomendável para nenhuma das partes envolvidas. Gostar de si pode ser, como qualquer amor, uma aventura muito linda, com borboletas no estômago e declarações de amor em plena madrugada. Pode até fazer com que você queira dividir esse afeto. Mesmo quando você nem sabe quais os jeitos de gostar, quais os jeitos de ser feliz.

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